Nos dias 15 e 16 de outubro de 2024, em São Paulo, participei da Conferência Brasileira Clima e Carbono, promovida pela Aliança Brasil NBS. Este evento reuniu profissionais, acadêmicos, especialistas e representantes do governo para discutir temas centrais sobre o clima, o mercado de carbono e as perspectivas para o futuro, com um olhar voltado para a COP 29, que acontecerá no Azerbaijão. Durante o encontro, foram abordados assuntos cruciais como o combate ao desmatamento, o papel do mercado de carbono, a valorização das comunidades tradicionais e a importância da tecnologia na governança sustentável.
Um ponto de destaque foi o reconhecimento de que o combate ao desmatamento continua sendo uma prioridade estratégica para as ações climáticas no Brasil. Discussões enfatizaram que o desmatamento ilegal permanece como uma das maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa no país, o que requer um fortalecimento das políticas de controle e preservação dos nossos biomas. Nesse sentido, proteger a Amazônia é um passo fundamental, pois essa floresta retém mais de 120 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, desempenhando um papel estratégico na mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
Outro tema relevante abordado foi o papel do mercado de carbono como um instrumento de financiamento para projetos sustentáveis. O mercado de carbono, tanto regulado quanto voluntário, é visto como uma ferramenta para viabilizar ações de mitigação climática que muitas vezes não têm acesso a financiamento por outras vias. Embora o mercado voluntário tenha atuado como uma solução temporária, foi discutida a necessidade de avançar na regulamentação para garantir mais transparência e eficiência nas ações.
A conferência também trouxe à tona a importância de valorizar as experiências das comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e extrativistas, que possuem um papel central na preservação dos biomas. Os debates evidenciaram que essas comunidades devem ser ouvidas e incluídas de forma central nas estratégias de sustentabilidade, pois possuem conhecimentos valiosos sobre como manter uma relação equilibrada com a natureza. Experiências de projetos de crédito de carbono em territórios tradicionais foram compartilhadas, demonstrando como essas iniciativas podem ser alternativas econômicas para as comunidades ao mesmo tempo que preservam as florestas e seus serviços ecossistêmicos.
Além disso, foi reforçado o papel da tecnologia como ferramenta essencial para assegurar uma boa governança dos projetos sustentáveis. Desde o monitoramento até a verificação das ações de mitigação, a tecnologia continua a ser um aliado fundamental. No entanto, foram destacados desafios para sua implementação, especialmente em termos de replantio eficiente em larga escala e restauração de áreas degradadas.
A Conferência Brasileira Clima e Carbono foi uma experiência enriquecedora, que proporcionou um valioso intercâmbio de conhecimentos e práticas para a construção de um futuro mais sustentável. A colaboração entre diferentes setores e a valorização das comunidades tradicionais são passos fundamentais para avançarmos em políticas e ações que beneficiem não apenas o Brasil, mas o mundo como um todo.
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