Automonitoramento Paiter Surui sobre o uso de mamíferos de médio e grande porte na Terra Indígena Sete de Setembro
Gestão Paiter Suruí
Entre Abril de 2012 e Junho de 2013, oito pesquisadores indígenas conduziram censos de mamíferos terrestres de médio e grande porte em duas trilhas e monitoraram a caça em cinco aldeias da Terra Indígena Sete de Setembro - TISS. O monitoramento da caça é fundamental para entender os padrões e a composição da comunidade biológica, incluindo a diversidade, distribuição e abundância, bem como as mudanças causadas pelo impacto humano, como a caça e o consumo.
A participação dos moradores locais no monitoramento e gestão de áreas protegidas está crescendo e gerando resultados positivos para a conservação da biodiversidade local, além de contribuir para o empoderamento das comunidades locais. O objetivo deste trabalho é compartilhar os resultados obtidos a partir da análise dos dados coletados pelos pesquisadores indígenas sobre a distribuição e abundância de mamíferos de médio a grande porte e sobre as caçadas realizadas na TISS durante o período de Abril de 2012 a Junho de 2013.
Foram aplicados 443 questionários em cinco aldeias e entrevistados 27 caçadores que relataram a captura de 7.618,29 kg de mamíferos de médio e grande porte, representando uma biomassa de apenas 5 espécies utilizadas como fonte de alimentação. Foram capturadas somente cinco espécies: Tayassu pecari (queixada), Pecari tajacu (cateto), Sapajus apella (macaco-prego), Dasypus novemcinctus (tatu-galinha) e Dasypus kappleri (tatu de 15 quilos). Durante os 15 meses de pesquisa, foram capturados 455 indivíduos, ou pouco mais de um indivíduo de qualquer espécie por caçador, por mês, o que representa um rendimento por unidade de esforço relativamente baixo.
Foram realizados 105 censos diurnos e percorridos 840 km na TISS nos dois transectos: 420 km na Área de Recuperação, próxima à aldeia Lapetanha (TL), e 420 km na Área de Produção, próxima à aldeia Apoena Meireles (TAP). Foram observados 1.143 mamíferos terrestres não-voadores de 22 espécies e seis ordens taxonômicas. Essa iniciativa valorizou o conhecimento tradicional aliado aos métodos científicos, buscando o envolvimento da comunidade na obtenção de soluções para o manejo da fauna de médio e grande porte da TISS e a conservação da cultura Paiter.